O Brasil deverá manter elevadas as exportações de farelo de soja nesta temporada, tornando-se o maior fornecedor mundial desse subproduto com o escoamento de 21,82 milhões de toneladas. De acordo com a análise do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado ontem, as recentes alterações foram motivadas pela redução do processamento de soja na Argentina – principal fornecedor mundial – em decorrência da queda na produção da oleaginosa naquele país, com previsão de ser 50% inferior à do ano passado, o pior resultado argentino desde o ciclo 1999/00.
Se o farelo faz o Brasil se destacar mais no comércio exterior, Mato Grosso é responsável por mais esse título, afinal, o Estado é o maior produtor nacional de soja e se fosse um país, seria o terceiro maior produtor mundial, superando a Argentina, com 45,32 milhões de toneladas nessa safra.
Conforme atualização de dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o processamento efetivo da soja apresentou avanço de 7,28% em jul/23 ante a jun/23, sendo esmagadas 1.05 milhão de toneladas. Esse cenário foi pautado, principalmente, pelo aumento da demanda pelos subprodutos do Estado. “Para se ter uma ideia, em jul/23 o volume exportado de farelo de soja oriundo de Mato Grosso foi de 691,21 mil toneladas, 13,73% superior ao registrado em jun/23. No entanto, cabe destacar que, apesar da alta mensal observada no processamento da oleaginosa, a margem bruta das indústrias apresentou retração de 8,68% quando comparado com o mês anterior, totalizando R$ 545,04/sc, reflexo do maior preço da soja adquirido pelas indústrias no período analisado. Por fim, de acordo com a série histórica do Imea, para os próximos meses a expectativa é que o volume esmagado diminua, devido à menor oferta de soja disponível no mercado”, explicam os analistas.
Os analistas da Conab destacam ainda que de forma indireta, outro fator importante no acréscimo da oferta do farelo de soja nacional está relacionado à forte demanda por parte das indústrias brasileiras de biodiesel, que impulsionaram os preços do óleo de soja no mercado brasileiro. “Esse cenário foi acirrado pela disputa externa, uma vez que a procura global pelo óleo de soja do Brasil também está aquecida, apresentando, de acordo com o Comex Stat, recorde de exportação do subproduto no período. As exportações brasileiras do farelo de soja no acumulado até julho/23 atingiram 12,9 milhões de toneladas contra 12,2 milhões ocorridas no mesmo período do exercício passado. Destaca-se ainda o escoamento pelo porto de Santos (40,6%), Paranaguá (29%), Rio Grande (15,5%) e Salvador (5,7%)”
O Boletim informa ainda que, no mês de julho, 36,1% das exportações brasileiras de soja ocorreram pelo porto de Santos, 37,3% foram escoadas pelo porto do Arco Norte, e 11,7% pelo porto de Paranaguá.
MILHO – Já com relação ao milho, os portos do Arco Norte continuam apresentando incrementos na participação das vendas externas em relação aos demais portos do país, atingindo, em jul/23, 39,8% da movimentação nacional contra 36% no mesmo período do ano anterior. Na sequência, o porto de Santos, com 27,2% da movimentação total, o porto de Paranaguá com 16,9%, e o porto de São Francisco do Sul, que registrou 7,7% dos volumes embarcados contra 2,6% em igual período do exercício anterior. Tanto para o milho quanto para a soja, a origem das cargas para exportação ocorreu, prioritariamente, dos estados de Mato Grosso, Goiás, Paraná, e Mato Grosso do Sul.
Fonte: MT Econômico